Capítulo V

 

 Mais uma vez acordei com os horríveis estrépidos de objetos se debatendo, enquanto a picape vermelha puxava o trailer. Meus olhos doíam em meio a todo aquele movimento, tentando ajustar o foco da imagem tremida.


Meu estômago falou mais alto, fazendo-me ignorar a precariedade da visão e levantar-me para preparar algumas torradas, a propósito, nem sei como consegui prepará-las com a torradeira tremendo freneticamente.


Ao acabar o café internei-me em minha cama por tempo indeterminado, o MP4 me fazendo companhia. Todas as músicas, sem excessão, me faziam lembrar do beijo da noite anterior. De início lutei contra essa lembrança com todas as minhas forças, mas era uma causa perdida.


Só saí da cama quando não consegui suportar de tanta sede, precisava muito sair para tomar água. Para minha surpresa, Narc estava parado na frente da porta do quarto, me encarando.
– bom dia. Eu já ia bater na porta do seu quarto, precisamos conversar. – seu tom de voz era sério e tristonho.


– Alex, eu... eu juro que tentei respeitar seu espaço, sua decisão de não falar comigo. Tentei esperar a iniciativa vir de você quando quisesse, mas não dá pra fingir que nada aconteceu! Aquele beijo... me fez perceber o quanto amo você.


– Olha, Narc... – tentei argumentar, vacilante – eu não sei o que deu em mim pra ter te beijado. Na hora eu estava frágil e você me passava muita segurança... sem contar que eu queria agradecer de alguma forma o que tem feito por mim...


Narcissus me interrompeu, colocando as duas mãos no meu rosto e deslizando-as suavemente:
– por favor, não diga nada. Me dê uma chance pra mostrar meu amor por você. Se depois disso você não sentir nada, prometo te deixar em paz.


Estava completamente travada, sem reação. Não sabia o que dizer e, antes que o fizesse, Narc foi mais rápido: envolveu seu braço em meu pescoço e foi se aproximando de mim devagar. 


Em um impulso entreguei-me àquele beijo. Narc me levantou pela cintura cuidadosamente enquanto me beijava com todo o carinho que poderia me transmitir. O ritmo do beijo foi acelerando cada vez mais a medida que eu retribuía com ternura.


Pulei de uma vez em seu colo, gargalhando. Narc segurou-me automaticamente, como se já esperasse por essa reação. 
– eu também amo você. – declarei entre risos.


Dito isso, Narc me levantou em seus braços e caminhou em direção a seu quarto. Notei que era o único cômodo do trailer que não conhecia até o momento. 


Ele me jogou na cama com verocidade e me dominou em questão de segundos. O beijo era mais intenso e selvagem, carregado de desejo de ambas as partes.


Sem aviso prévio Narc levantou-se, de repente. 
– desculpe por minha precipitação, as vezes esqueço que ainda é uma adolescente. Não farei nada que você não queira.
– e quem é que disse que eu não quero? – perguntei, sorrindo maliciosamente.


Dessa vez fui eu quem puxou jogou Narc no colchão. Ele me segurou, sorrindo. Não fazia parte da minha conduta dormir com um homem que, apesar de bonito, não conheço bem o suficiente; mas de algum jeito eu sabia que ele era o cara certo.


Narc assumiu o comando debaixo dos lençóis pacientemente diante de minha ignorância no assunto. Tocava-me com carinho e desejo, fazendo cada parte do meu corpo arrepiar em suas mãos. Depois daquela noite constatei que eu não desejaria perder minha virgindade com qualquer outra pessoa senão ele: o homem que – agora eu tinha a certeza – eu amava de verdade.